Catadores reclamam de dificuldades em cidades da Zona da Mata
Problemas comprometem trabalhos em Matias Barbosa e em Juiz de Fora.
Prefeituras das duas cidades explicaram providências em andamento.
Catadores de recicláveis reclamam de dificuldades para realização dos trabalhos em Matias Barbosa e Juiz de Fora, na Zona da Mata.
Em Matias Barbosa, a associação local alegou que a retirada de um caminhão que auxiliava no trabalho resultou na queda de material coletado e, por consequência, no rendimento dos catadores. A Prefeitura justificou que o grupo precisa ter condições sanitárias e de segurança para realizar o trabalho e que articula providências para a situação.
Em Juiz de Fora, a Associação dos Catadores de Juiz de Fora (Ascajuf) espera que a construção da nova sede amplie as possibilidades de trabalhos, limitada pela atual infraestrutura. E os triadores do Núcleo da Usina de Reciclagem contaram que esperam por melhorias no local. Ambas pediram a conscientização da sociedade na separação correta do lixo doméstico.
O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb), de Juiz de Fora, reforçou que está em andamento um estudo para diagnosticar o lixo produzido na cidade, o que vai melhorar o planejamento da destinação dos resíduos.
Matias Barbosa
Sem o caminhão que auxiliava na coleta, os catadores da Associação dos Catadores de Matias Barbosa (Ascamb) contaram que a renda mensal deles, antes em torno de R$ 850, agora não passa de R$ 300. O motivo é que o volume de papel, plástico, vidro e alumínio diminuiu de sete toneladas para três toneladas/mês.
Sem o caminhão que auxiliava na coleta, os catadores da Associação dos Catadores de Matias Barbosa (Ascamb) contaram que a renda mensal deles, antes em torno de R$ 850, agora não passa de R$ 300. O motivo é que o volume de papel, plástico, vidro e alumínio diminuiu de sete toneladas para três toneladas/mês.
O problema entre a associação e a Prefeitura começou há quatro meses, segundo a associação, quando foi suspenso o trabalho do caminhão que recolhia o material reciclável e levava até o galpão. “Falaram que aqui está um lixão. Sem o caminhão perdemos metade dos associados e não temos condições de fazer a coleta. Estamos fazendo com carrinho de mão”, destacou a presidente da Ascamb, Maria Reuza Rosa.
Atualmente, seis catadores trabalham no galpão, o grupo buscou alternativas para tentar manter a quantidade de material arrecadado, sem o apoio do caminhão. “Nós anunciamos em rádios locais o endereço da sede, para a comunidade trazer aqui na associação ou entrar em contato para a gente ir buscar nas casas”, explicou o catador Carlos de Jesus.
O prefeito de Matias Barbosa, Joaquim Nascimento, disse que o caminhão foi retirado por causa de falta de higiene e desorganização no galpão da Ascamb. “A permanência deles circulando sem material de proteção individual, em contato com o lixo, permanência de animais no local de trabalho. Ainda houve acúmulo indevido, como tubos de TV e outros materiais contaminantes, que não são recicláveis. E depois também o caminhão que a Prefeitura cedia era um compactador que gera um risco físico”, ressaltou.
De acordo com o prefeito, no início do ano o caminhão foi retirado e os catadores, orientados a corrigir os problemas. Porém, a situação se manteve. Por isso, o serviço do caminhão foi suspenso novamente. Nascimento destacou que outros setores acompanham a situação.
“Tanto o Ministério Público Estadual, pela Promotoria municipal, como o Ministério Público do Trabalho já solicitaram providências. Eles têm conhecimento que a gente está adotando medidas mais severas que vão forçá-los verdadeiramente a se profissionalizar. Ou então a gente vai ter que rever a forma de fazer o apoio ou até mesmo fazer cessar, o que não é o nosso interesse pela necessidade de atendimento à legislação”, ressaltou o prefeito.
Joaquim Nascimento afirmou que a Prefeitura está disposta a apoiar a Ascamb na regularização das pendências.
Juiz de Fora
Em Juiz de Fora, cerca de 57 pessoas realizam o trabalho de reciclagem. Segundo os trabalhadores, a Ascajuf sofre com a falta de infraestrutura e de consciência dos moradores na separação do lixo.
Em Juiz de Fora, cerca de 57 pessoas realizam o trabalho de reciclagem. Segundo os trabalhadores, a Ascajuf sofre com a falta de infraestrutura e de consciência dos moradores na separação do lixo.
“O que falta mais é o material reciclável. A pessoa tem que ter mais conhecimento, mais amor, mais compreensão para ajudar a gente, porque o que é lixo para você é dinheiro para a gente sustentar a nossa casa”, disse a triadora Vera Lúcia Assis.
A Ascajuf tem três núcleos na cidade. No Bairro Vitorino Braga, a falta de espaço deixa o material descarregado diariamente pelo caminhão do Demlurb na frente da sede até a separação feita pelos 12 associados. O material fica exposto ao clima. “Em São João del Rei, a estrutura é muito boa. Lá tem onde o caminhão chegar, tem fluxo. Coisa que não temos. Aqui a entrada é a saída”, comparou o triador Wirley Aparecido dos Santos
Desde 2008, a Ascajuf luta para conseguir um novo local de trabalho. Agora está perto do objetivo, segundo a assistente social do Centro de Atenção ao Cidadão, Flávia Duarte Tavares Flávio. “Nós chegamos a receber e a perder o recurso. Agora, parece que tudo está caminhando e que vamos conseguir construir. Ganhamos esse galpão do Governo Federal e o projeto está pronto e aprovado na Prefeitura”, explicou.
A obra do novo galpão deve começar em julho, e a expectativa é que a primeira etapa termine em fevereiro de 2016. O projeto, foi financiado por um banco, somou R$ 325 mil.
Apesar de ter lugar próprio para trabalhar, os 16 triadores do Núcleo da Usina de Reciclagem enfrentam a falta de material. Eles separam o lixo e vendem o material para os atravessadores, que repassam para as empresas de reciclagem, o que não é o ideal.
“Quando o Demlurb trazia para a gente, eram quatro caminhões por dia. A gente tinha como fazer a coleta direitinho. Aqui ficava até lotado”, lembrou a triadora Norma Serafina
Para agravar, o lixo que chega no local não é próprio para o trabalho dos triadores. “Precisa colocar a gente para orientar, mostrar as pessoas como é que separa o lixo. Porque há coisas que a gente passa até mal”, reforçou a triadora Luciana Aparecida da Silva.
O serviço ainda poderia ser mais fácil se os equipamentos, que ajudam na separação do material estivessem funcionando, como explica a triadora Rosana Severino. “Com mais material, se a esteira voltasse a funcionar seria melhor”.
No entanto, de acordo com a engenheira ambiental do Demlurb, Gisele Teixeira, a esteira tem alto custo de manutenção por fazer parte de um modelo da década de 1980, e o local precisa ser modernizado. “A nossa usina de triagem é um modelo obsoleto e todos os insumos necessários para o funcionamento da usina daquela maneira se tornaram um processo insustentável. Agora o que se tem de mais moderno, até indicado pelo Ministério das Cidades, é a separação manual em que o lixo chega seco e se faz a separação em mesas de triagem”, disse.
Segundo ela, a modernização do núcleo deve ser uma consequência de um estudo gravimétrico em andamento em Juiz de Fora. O resultado deste diagnóstico vai determinar o planejamento da destinação dos resíduos na cidade.
“O estudo de gravimetria vai até setembro. Estamos levantando todo o lixo da cidade para saber o que é a parcela reciclável e o que é orgânica. É um estudo inédito no município, que nos dar dados concretos para várias linhas nossas de planejamento, a questão da coleta seletiva, do aterro, gerar biogás a partir da matéria orgânica”, comentou.
Tendo em vista que Matias tem a previsão de se criar uma Usina de Triagem, nada mais justo e correto que aproveitar essa mão de obra existente, então acho que os conflitos pessoais vão ter de serem vencidos, e juntos irem a luta pela busca de uma cidade melhor.
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